Estudo do dia 27/10/14
Estudo do dia 20/10/2014
265- Havendo Espíritos que, por provação, escolhem o contacto
do vício, outros não haverá que o busquem por simpatia e pelo desejo de viverem
num meio conforme aos seus gostos, ou para poderem entregar-se materialmente a
seus pendores materiais?
“Há, sem dúvida, mas
tão-somente entre aqueles cujo senso moral ainda está pouco desenvolvido. A
prova vem por si mesma e eles a sofrem mais demoradamente. Cedo ou tarde,
compreendem que a satisfação de suas paixões brutais lhes acarretou deploráveis
conseqüências, que eles sofrerão durante um tempo que lhes parecerá eterno. E Deus
os deixará nessa persuasão, até que se tornem conscientes da falta em que
incorreram e peçam, por impulso próprio, lhes seja concedido resgatá-la,
mediante úteis provações.”
266- Não parece natural que se escolham as provas menos dolorosas?
“Pode parecer-vos a vós; ao Espírito, não. Logo que este
se desliga da matéria, cessa toda ilusão e outra passa a ser a sua maneira de
pensar.”
Sob a influência das idéias carnais, o homem, na
Terra, só vê das provas o lado penoso. Tal a razão de lhe parecer natural sejam
escolhidas as que, do seu ponto de vista, podem coexistir com os gozos
materiais.
Na vida espiritual, porém, compara esses gozos
fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever e
desde logo nenhuma impressão mais lhe causam os passageiros sofrimentos
terrenos. Assim, pois, o Espírito pode escolher prova muito rude e,
conseguintemente, uma angustiada existência, na esperança de alcançar depressa
um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais
desagradável para se curar de pronto. Aquele que intenta ligar seu nome à descoberta
de um país desconhecido não procura trilhar estrada florida. Conhece os perigos
a que se arrisca, mas também sabe que o espera a glória, se lograr bom êxito.
A doutrina da liberdade
que temos de escolher as nossas existências e as provas que devamos sofrer
deixa de parecer singular, desde que se atenda a que os Espíritos, uma vez
desprendidos da matéria, apreciam as coisas de modo diverso da nossa maneira de
apreciá-los. Divisam a meta, que bem diferente é para eles dos gozos fugitivos
do mundo. Após cada existência, vêem o passo que deram e compreendem o que
ainda lhes falta em pureza para atingirem aquela meta. Daí o se submeterem
voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corpórea, solicitando as que
possam fazer que a alcancem mais presto.
Não há, pois, motivo de espanto no fato de o Espírito
não preferir a existência mais suave. Não lhe é possível, no estado de
imperfeição em que se encontra,gozar de uma vida isenta de amarguras. Ele o percebe
e, precisamente para chegar a fruí-la, é que trata de se melhorar.
Não vemos, aliás, todos os dias, exemplos de escolhas
tais?
Que faz o homem que passa
uma parte de sua vida a trabalhar sem trégua, em descanso, para reunir haveres que lhe
assegurem o bem-estar, senão desempenhar uma tarefa que a si mesmo se impôs,
tendo em vista melhor futuro? O militar que se oferece para uma perigosa
missão, o navegante que afronta não menores perigos, por amor da Ciência ou no
seu próprio interesse, que fazem, também eles, senão sujeitar-se a provas
voluntárias, de que lhes advirão honras e proveito, se não sucumbirem? A que se
não submete ou expõe o homem pelo seu interesse ou pela sua glória? E os
concursos não são também todos provas voluntárias a que os concorrentes se
sujeitam, com o fito de avançarem na carreira que escolheram? Ninguém galga
qualquer posição nas ciências, nas artes, na indústria, senão passando pela
série das posições inferiores, que são outras tantas provas.
A vida humana é, pois,
cópia da vida espiritual; nela se nos deparam em ponto pequeno todas as
peripécias da outra. Ora, se na vida terrena muitas vezes escolhemos duras
provas, visando posição mais elevada, por que não haveria o Espírito, que
enxerga mais longe que o corpo e para quem a vida corporal é apenas incidente
de curta duração, de escolher uma existência árdua e laboriosa, desde que o
conduza à felicidade eterna? Os que dizem que pedirãopara ser príncipes ou
milionários, uma vez que ao homem é que caiba escolher a sua existência, se
assemelham aos míopes, que apenas vêem aquilo em que tocam, ou a meninos
gulosos, que, a quem os interroga sobre isso, respondem que desejam ser pasteleiros
ou doceiros.
O viajante que atravessa
profundo vale ensombrado por espesso nevoeiro não logra apanhar com a vista a
extensão da estrada por onde vai, nem os seus pontos extremos. Chegando, porém,
ao cume da montanha, abrange com o olhar quanto percorreu do caminho e quanto
lhe resta dele a percorrer. Divisa-lhe o termo, vê os obstáculos que ainda terá
de transpor e combina então os meios mais seguros de atingi-lo. O Espírito
encarnado é qual viajante no sopé da montanha. Desenleado dos liames terrenais,
sua visão tudo domina, como a daquele que subiu à crista da serrania. Para o
viajor, no termo da sua jornada está o repouso após a fadiga; para o Espírito,
está a felicidade suprema, após as tribulações e as provas.
Dizem todos os Espíritos
que, na erraticidade, eles se aplicam a pesquisar, estudar, observar, a fim de
fazerem a sua escolha. Na vida corporal não se nos oferece um exemplo deste
fato?
Não levamos,
freqüentemente, anos a procurar a carreira pela qual afinal nos decidimos,
certos de ser a mais apropriada a nos facilitar o caminho da vida? Se numa o
nosso intento se malogra, recorremos a outra. Cada uma das que abraçamos
representa uma fase, um período da vida. Não nos ocupamos cada dia em cogitar
do que faremos no dia seguinte? Ora, que são, para o Espírito, as diversas
existências corporais, senão fases, períodos, dias da sua vida espírita, que é,
como sabemos, a vida normal, visto que a outra é transitória, passageira?
Estudo do dia 20/10/2014
260. Como pode o Espírito desejar nascer entre gente de má vida?
“Forçoso é que seja posto
num meio onde possa sofrer a prova que pediu. Pois bem! É necessário que haja
analogia. Para lutar contra o instinto do roubo, preciso é que se ache em
contacto com gente dada à prática de roubar.”
a) — Assim, se não houvesse na Terra gente de maus costumes,
o Espírito não encontraria aí meio apropriado ao sofrimento de certas provas?
“E
seria isso de lastimar-se? É o que ocorre nos mundos superiores, onde o mal não
penetra. Eis por que, nesses mundos, só há Espíritos bons. Fazei que em breve o
mesmo se dê na Terra.”
261.
Nas provações por que lhe cumpre
passar para atingir a perfeição, tem o Espírito que sofrer tentações de todas as
naturezas? Tem que se achar em todas as circunstâncias que possam excitar-lhe o
orgulho, a inveja, a avareza, a sensualidade, etc.?
“Certo
que não, pois bem sabeis haver Espíritos que desde o começo tomam um caminho
que os exime de muitas provas. Aquele, porém, que se deixa arrastar para o mau caminho,
corre todos os perigos que o inçam. Pode um Espírito, por exemplo, pedir a
riqueza e ser-lhe esta concedida. Então, conforme o seu caráter, poderá
tornar-se avaro ou pródigo, egoísta ou generoso, ou ainda lançar-se a todos os gozos
da sensualidade. Daí não se segue, entretanto, que haja de forçosamente passar
por todas estas tendências.”
262.
Como pode o Espírito, que, em sua
origem, é simples, ignorante e carecido de experiência, escolher uma existência
com conhecimento de causa e ser responsável por essa escolha?
“Deus
lhe supre a inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir, como fazeis
com a criancinha. Deixa-o, porém, pouco a pouco, à medida que o seu
livre-arbítrio se desenvolve, senhor de proceder à escolha e só então é que
muitas
vezes lhe acontece extraviar-se, tomando o mau caminho, por desatender os
conselhos dos bons Espíritos. A isso é que se pode chamar a queda do homem.”
a)
— Quando o Espírito goza do
livre-arbítrio, a escolha da existência corporal dependerá sempre
exclusivamente de sua vontade, ou essa existência lhe pode ser imposta, como expiação,
pela vontade de Deus?
“Deus
sabe esperar, não apressa a expiação. Todavia, pode impor certa existência a um
Espírito, quando este, pela sua inferioridade ou má vontade, não se mostra apto
a compreender o que lhe seria mais útil, e quando vê que tal existência servirá
para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo que lhe sirva de
expiação.”
263.
O Espírito faz a sua escolha logo
depois da morte?
“Não,
muitos acreditam na eternidade das penas, o que, como já se vos disse, é um
castigo.”
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